AS ESPECIALIDADES DE UMA BEBIDA MILENAR

Foto: Pixabay - CC0 Creative Commons

Ela é uma das mais queridas do país, está em todo lugar, é um dos símbolos da maior religião do planeta e existe há milhares de anos. Você pode estar se perguntando, mas é claro que é do vinho que estamos falando. A bebida de grande variedade e de fabricação por todo mundo faz sucesso também com os brasileiros. Seja seco ou suave, o vinho também faz parte do catálogo de bebidas do brasileiro e aos poucos vem se tornando popular no país dominado pela cerveja, por exemplo. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho, o Brasil ocupa a vigésima posição no quesito consumo per capita entre países do mundo com cerca de 2 litros. Portugal aparece no topo com um número que chama atenção. São 54 litros por habitante, seguido pela França com 51,8 litros e Itália com 41,5 litros. Entre os países da América do Sul, o destaque vai para “los hermanos”: Os argentinos, consomem 31,6 litros e o Chile 14,7 litros.

O vinho sempre está mais relacionado a ocasiões especiais e para degustar um vinho de qualidade é preciso atenção para atingir os aspectos sensoriais que a bebida propõe. Mas calma, se você quer apenas sentir o gostinho sem grau técnico elevado, fique à vontade, afinal, são os Sommeliers que fazem este trabalho. Existem organizações especializadas em dar cursos e formar Sommeliers. É o caso da Associação Brasileira de Sommeliers da Baixada Santista (ABS), que além de sommeliers, traz cursos que formam profissionais interessados em desenvolver seu trabalho em outros segmentos e aspectos do negócio do vinho, tais como venda, consultoria e marketing de vinhos. Tirei algumas dúvidas com um dos diretores da ABS Baixada Santista, Aguinaldo da Fonseca. Segundo ele, a qualidade de um bom vinho também está relacionada à sua armazenagem. Mas calma, sabe aquela história de quanto mais velho for o vinho melhor ele fica? Não é bem assim. Nem todos os vinhos são de “guarda”, como informou Aguinaldo: 
“A grande maioria dos vinhos das prateleiras dos supermercados não são vinhos de guarda, ou seja, são vinhos para consumo em até uns 2 anos. São poucos e caros os vinhos considerados de guarda. São vinhos de vinhedos em regiões muito privilegiadas e depois da vinificação, estagiam em barricas de madeira (carvalho).”

   
     Ramon Caruso faz selfie no seu local de trabalho.
Foto: Reprodução/ Instagram.
Ramon Caruso, Sommelier brasileiro que atua no exterior comentou que para ter vinhos com potencial de envelhecimento, é preciso considerar três coisas importantes: O tanino (substância natural encontrada em plantas: em suas sementes, madeiras, folhas e cascas de frutas), acidez e o álcool: “Estes são essenciais na hora que estamos pensando no estilo do vinho, porque se algum deles faltar o vinho não tem esse potencial de envelhecimento.”, explicou. Outra coisa importante é notar que o vinho não combina com qualquer alimento. A chamada Enogastronomia, é o termo técnico para a tarefa de associar o vinho com determinado alimento, outro trabalho também desempenhado por um Sommelier. Portanto, caso você esteja num restaurante e pedir o vinho mais caro para acompanhar com um prato que possua peixe, por exemplo, não faça isso! Este é um exemplo citado por Aguinaldo que não se deve seguir: “Imagine a situação de uma pessoa chegando no restaurante mais famoso da região, escolhe um peixe, que é o principal prato da casa, pede a carta de vinho e escolhe o vinho mais caro da carta, um vinho tinto famoso. Vai ser uma tragédia!”, brincou. “Vinho tinto e peixe, com raríssimas exceções, não é uma boa combinação". Na dúvida, se o estabelecimento possuir, peça ajuda a um Sommelier.

O contato de muitas pessoas com o vinho vem de tradição religiosa, familiar ou até mesmo profissional. Para Caruso, sua história como Sommelier começou por acaso. Durante a entrevista concedida à distância, Ramon estava na Croácia, passou pela Eslovênia e seguia para Veneza, na Itália. A história dele é uma daquelas que deu certo. Através de uma oportunidade de trabalho num navio, ele conseguiu se aperfeiçoar e após uma dica de sua mãe, iniciou em 2007 seu primeiro curso para conhecer um pouco mais sobre a bebida. Foi também no navio que se tornou Sommelier de vinhos através de um curso e treinamento oferecido pela empresa. Ele é level 3 na Wset da Inglaterra e possui certificado na Court of Master Sommeliers, além de ter mais títulos em outras escolas no exterior especializadas no segmento.

Ainda sobre as curiosidades do vinho, Ramon ressalta as diferenças do mercado europeu e brasileiro. Em grande parte dos países da Europa, o vinho já compõe a alimentação das pessoas, enquanto no Brasil, ainda é visto como algo de status, mesmo percebendo que por aqui há uma perspectiva de mudança: “A cerveja e destilados em geral continua muito mais populares que o vinho, que continua tendo aquele status de glamour e elegância", comentou. Além de todo o conhecimento técnico, o diretor da ABS Baixada Santista, Aguinaldo, contou que sua experiência com o vinho vem de muito tempo. Sua família sempre gostou de vinhos e a bebida sempre está presente em encontros com amigos: “Para mim vinho é pura paixão! Encontro meus amigos nas diversas confrarias de vinhos que participo, tenho conhecido muita gente boa nesse mundo do vinho, no Brasil e no exterior. Por último, mas não por menos, nossos encontros familiares são sempre muito prazerosos acompanhados de um bom vinho.”

Agora que você já sabe que para degustar bem um vinho é preciso conhecê-lo, fique à vontade! Não podemos esquecer de mencionar as propriedades medicinais que a bebida possui, você com certeza já ouviu falar na mídia que ela ajuda na redução de problemas cardiovasculares, por exemplo. Então, sirva-se de um bom vinho e não deixe de comentar sua experiência comigo.

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Matéria produzida para a disciplina Jornalismo Especializado, da ESAMC Santos, ministrada pelo professor Santelmo Camilo em Julho de 2018.

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